Praia de Mira
27 outubro 2005
25 outubro 2005
24 outubro 2005
20 outubro 2005
18 outubro 2005
Sementeira
«Cresce a semente
lentamente
debaixo da terra escura.
Cresce a semente
enquanto a vida se curva no chicomo
e o grande sol de África
vem amadurecer tudo
com o seu calor enorme de revelação.
Cresce a semente
que a povoação plantou curvada
e a estrada passa ao lado
macadamizada quente e comprida
e a semente germina
lentamente no matope
imperceptível
como um caju em maturação.
E a vida curva as suas milhentas mãos
geme e chora na sina
de plantar nosso suor branco
enquanto a estrada passa ao lado
aberta e poeirenta até Gaza e mais além
camionizada e comprida.
Depois
de tanga e capulana a vida espera
espiando no céu os agoiros que vão
rebentar sobre as campinas de África
a povoação toda junta no eucalipto grande
nos corações a mamba da ansiedade.
Oh! Dia de colheita vai começar
na terra ardente do algodão!»
José Craveirinha
1955, 1.ª versão, in http://pintopc.home.cern.ch/pintopc/www/Africa/Craveirinha_j/Sementeira.htm
10 outubro 2005
Le Paon
En faisant la roue, cet oiseau
Dont le pennage traîne à terre,
Apparaît encore plus beau,
Mais se découvre le derrière
Apollinaire, Le Bestiaire
Dont le pennage traîne à terre,
Apparaît encore plus beau,
Mais se découvre le derrière
Apollinaire, Le Bestiaire
08 outubro 2005
É preciso
É preciso enterrar el-rei Sebastião
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.
Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair do porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.
Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na nossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.
Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos bate
é preciso enterrar el-rei Sebastião.
Manuel Alegre, O canto e as armas
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.
Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair do porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.
Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na nossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.
Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos bate
é preciso enterrar el-rei Sebastião.
Manuel Alegre, O canto e as armas
05 outubro 2005
5 de Outubro
(Lisboa: Rua de Campo de Ourique n.º 43)
«Pouco faltava para a uma da manhã de dia 4.
Do Centro Republicano de Santa Isabel, situado nas proximidades do Quartel de Infantaria 16, em Campo de Ourique, e onde combinara encontro com o grupo carbonário chefiado pelo civil Meireles, Machado Santos sai para cumprir a missão que lhe fora confiada.
Apenas dispõem de catorze armas.
Mesmo assim não hesitam, nem sequer esperam o quarto de hora que ainda falta para a hora combinada.
Tomam Infantaria 16, onde os sargentos tinham sido já conquistados na totalidade por Machado Santos.»
José Brandão, em http://www.vidaslusofonas.pt/machado_santos.htm
Do Centro Republicano de Santa Isabel, situado nas proximidades do Quartel de Infantaria 16, em Campo de Ourique, e onde combinara encontro com o grupo carbonário chefiado pelo civil Meireles, Machado Santos sai para cumprir a missão que lhe fora confiada.
Apenas dispõem de catorze armas.
Mesmo assim não hesitam, nem sequer esperam o quarto de hora que ainda falta para a hora combinada.
Tomam Infantaria 16, onde os sargentos tinham sido já conquistados na totalidade por Machado Santos.»
José Brandão, em http://www.vidaslusofonas.pt/machado_santos.htm
04 outubro 2005
03 outubro 2005
Eu sou carvão
«Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.»
(José Craveirinha)
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.»
(José Craveirinha)
02 outubro 2005
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