01 novembro 2012

Ao sul


Tavira
Porta de reixa.
As reixas (tábuas cruzadas, formando uma grade) permitem a ventilação sem abrir a porta e... ver sem ser visto.

27 outubro 2012

21 outubro 2012

Para os que já não recordam (1)

 
Ou que não sabem.
 

Em 1970 residiam em Portugal 6.159.275 pessoas com 15 e mais anos. Dessas, 2.165.440(35%) não tinham qualquer nível de ensino.

 

07 outubro 2012

Parlatório

Parlatório, Caxias. Júlio Pomar, 1947

«Tinha apenas uma visita semanal de 20 minutos com duas pessoas da família próxima, num parlatório onde conversávamos separados por um vidro e na presença de dois agentes da PIDE. O tratamento clássico para quem estava em regime de isolamento»
Helena Pato. Blogue Caminhos da Memória.

05 outubro 2012

Firmeza

Sem frases de desânimo,
Nem complicações de alma,
Que o teu corpo agora fale,
Presente e seguro do que vale.
 

Pedra em que a vida se alicerça,
Argamassa e nervo,
Pega-lhe como um senhor
E nunca como um servo.

Não seja o travor das lágrimas
Capaz de embargar-te a voz;
Que a boca a sorrir não mate
Nos lábios o brado de combate.

Olha que a vida nos acena
Para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
Que o espelho da vida nos escuta.

 

E, claro, Ana Maria Pinto.

11 novembro 2011

Les grandes personnes

«Toutes les grandes personnes ont d’abord été des enfants, mais peu d’entre elles s’en souviennent.»

Antoine de Saint-Exupéry

Le petit prince


05 junho 2011

O homem culto

«O que é o homem culto?

É aquele que:

Tem consciência da sua posição no cosmos e, em particular, na sociedade a que pertence;
Tem consciência da sua personalidade e da dignidade que é inerente à existência como ser humano;
Faz do aperfeiçoamento do seu ser interior a preocupação máxima e fim último da vida.»


Bento de Jesus Caraça, na conferência, «A cultura integral do indivíduo, problema central do nosso tempo», proferida em 25 de Maio de 1933, na inauguração da actividade da União Cultural «Mocidade Livre»



21 maio 2011

Sol


«O grito da cigarra ergue a tarde a seu cimo e o perfume do orégão invade a felicidade. A omnipotência do sol rege a minha vida enquanto me recomeço em cada coisa. Por isso trouxe comigo o lírio da pequena praia. Ali se erguia intacta a coluna do primeiro dia - e vi o mar reflectido no seu primeiro espelho. Ingrina.

É esse o tempo a que regresso no perfume do orégão, no grito da cigarra, na omnipotência do sol. Os meus passos escutam o chão enquanto a alegria do encontro me desaltera e sacia. O meu reino é meu como um vestido que me serve.

E sobre a areia sobre a cal e sobre a pedra escrevo: nesta manhã eu recomeço o mundo.»

Sophia

20 maio 2011

Uma biblioteca

«A lo largo del tiempo, nuestra memoria va formando una biblioteca dispar, hecha de libros, o de páginas, cuya lectura fue una dicha para nosotros y que nos gustaría compartir.

Los textos de esa íntima biblioteca no son forzosamente famosos.

La razón es clara. Los professores, que son quien dispensan la fama, se interesan menos en la belleza que en los vaivenes y en las fechas de la literatura en el prolijo análisis de libros que se han escrito para ese análisis, no para el goce del lector.»

Jorge Luís Borges. Prólogo da obra Biblioteca Personal.

08 maio 2011

Cheiros e sabores


Mercado de Lagos.

«Entra no mercado e vira à tua direita e ao terceiro homem que encontrares em frente da terceira banca de pedra compra peixes»

Sophia de Melo Breyner Andresen

25 abril 2010

Memória (5)




«Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.»

Sophia

08 abril 2009

Le plat pays

No 80.º aniversário de Jacques Brel

«Avec la mer du Nord pour dernier terrain vague
Et des vagues de dunes pour arrêter les vagues
Et de vagues rochers que les mares dépassent
Et qui ont jamais le cœur mare basse
Avec infiniment de brumes venir
Avec le vent d'Ouest, écoutez-le tenir
Le plat pays qui est le mien.

Avec des cathédrales pour uniques montagnes
Et de noirs clochers comme mâts de cocagne
O les diables de pierre décrochent les nuages
Avec le fil des jours pour unique voyage
Et des chemins de pluie pour unique bonsoir
Avec le vent de l'Est, écoutez-le vouloir
Le plat pays qui est le mien.

Avec un ciel si bas qu'un canal s'est perdu
Avec un ciel si bas qu'il fait l'humilité
Avec un ciel si gris qu'un canal s'est pendu
Avec un ciel si gris qu'il faut lui pardonner
Avec le vent du Nord qui vient s'carteler
Avec le vent du Nord, écoutez-le craquer
Le plat pays qui est le mien.

Avec l'Italie qui descendrai l'Escaut
Avec Frida la blonde quand elle devient Margot
Quand les fils de novembre nous reviennent en mai
Quand la plaine est fumante et tremble sous juillet
Quand le vent est au rire, quand le vent est au blé
Quand le vent est au Sud, écoutez-le chanter
Le plat pays qui est le mien.»

05 janeiro 2008

Receita de Ano Novo

«Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.»

Carlos Drummond d' Andrade