14 novembro 2006
11 novembro 2006
09 novembro 2006
08 novembro 2006
06 novembro 2006
E tudo era possível
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de Maio e era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
(Ruy Belo)
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de Maio e era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
(Ruy Belo)
08 maio 2006
10 abril 2006
05 abril 2006
02 abril 2006
30 março 2006
29 março 2006
Em memória
De todos os amigos
«Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também»
José Afonso
«Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também»
José Afonso
27 março 2006
Na reconciliação com a cidade grande
Lisboa
«Esta névoa sobre a cidade, o rio,
as gaivotas doutros dias, barcos, gente
apressada ou com o tempo todo para perder,
esta névoa onde comeca a luz de Lisboa,
rosa e limão sobre o Tejo, esta luz de água,
nada mais quero de degrau em degrau.»
Eugénio de Andrade
«Esta névoa sobre a cidade, o rio,
as gaivotas doutros dias, barcos, gente
apressada ou com o tempo todo para perder,
esta névoa onde comeca a luz de Lisboa,
rosa e limão sobre o Tejo, esta luz de água,
nada mais quero de degrau em degrau.»
Eugénio de Andrade
25 março 2006
19 março 2006
Sube a nacer conmigo, hermano
«Sube a nacer conmigo, hermano.
Dame la mano desde la profunda
zona de tu dolor diseminado.
No volverás del fondo de las rocas.
No volverás del tiempo subterráneo.
No volverá tu voz endurecida.
No volverán tus ojos taladrados.
Mírame desde el fondo de la tierra,
labrador, tejedor, pastor callado:
domador de guanacos tutelares:
albañil del andamio desafiado:
aguador de las lágrimas andinas:
joyero de los dedos machacados:
agricultor temblando en la semilla:
alfarero en tu greda derramado:
traed a la copa de esta nueva vida
vuestros viejos dolores enterrados.
Mostradme vuestra sangre y vuestro surco,
decidme: aquí fui castigado,
porque la joya no brilló o la tierra
no entregó a tiempo la piedra o el grano:
señaladme la piedra en que caísteis
y la madera en que os crucificaron,
encendedme los viejos pedernales,
las viejas lámparas, los látigos pegados
a través de los siglos en las llagas
y las hachas de brillo ensangrentado.
Yo vengo a hablar por vuestra boca muerta.
A través de la tierra juntad todos
los silenciosos labios derramados
y desde el fondo habladme toda esta larga noche
como si yo estuviera con vosotros anclado,
contadme todo, cadena a cadena,
eslabón a eslabón, y paso a paso,
afilad los cuchillos que guardasteis,
ponedlos en mi pecho y en mi mano,
como un río de rayos amarillos,
como un río de tigres enterrados,
y dejadme llorar, horas, días, años,
edades ciegas, siglos estelares.
Dadme el silencio, el agua, la esperanza.
Dadme la lucha, el hierro, los volcanes.
Hablad por mis palabras y mi sangre.»
Neruda
Dame la mano desde la profunda
zona de tu dolor diseminado.
No volverás del fondo de las rocas.
No volverás del tiempo subterráneo.
No volverá tu voz endurecida.
No volverán tus ojos taladrados.
Mírame desde el fondo de la tierra,
labrador, tejedor, pastor callado:
domador de guanacos tutelares:
albañil del andamio desafiado:
aguador de las lágrimas andinas:
joyero de los dedos machacados:
agricultor temblando en la semilla:
alfarero en tu greda derramado:
traed a la copa de esta nueva vida
vuestros viejos dolores enterrados.
Mostradme vuestra sangre y vuestro surco,
decidme: aquí fui castigado,
porque la joya no brilló o la tierra
no entregó a tiempo la piedra o el grano:
señaladme la piedra en que caísteis
y la madera en que os crucificaron,
encendedme los viejos pedernales,
las viejas lámparas, los látigos pegados
a través de los siglos en las llagas
y las hachas de brillo ensangrentado.
Yo vengo a hablar por vuestra boca muerta.
A través de la tierra juntad todos
los silenciosos labios derramados
y desde el fondo habladme toda esta larga noche
como si yo estuviera con vosotros anclado,
contadme todo, cadena a cadena,
eslabón a eslabón, y paso a paso,
afilad los cuchillos que guardasteis,
ponedlos en mi pecho y en mi mano,
como un río de rayos amarillos,
como un río de tigres enterrados,
y dejadme llorar, horas, días, años,
edades ciegas, siglos estelares.
Dadme el silencio, el agua, la esperanza.
Dadme la lucha, el hierro, los volcanes.
Hablad por mis palabras y mi sangre.»
Neruda
17 março 2006
09 março 2006
Na longa e vasta praia
«Este búzio não o encontrei eu própria numa praia
Mas na mediterrânica noite azul e preta
Comprei-o em Cós numa venda junto ao cais
Rente aos mastros baloiçantes dos navios
E comigo trouxe o ressoar dos temporais
Porém nele não oiço
Nem o marulho de Cós nem o de Egina
Mas sim o cântico da longa vasta praia
Atlântica e sagrada
Onde para sempre a minha alma foi criada.»
Sophia
Mas na mediterrânica noite azul e preta
Comprei-o em Cós numa venda junto ao cais
Rente aos mastros baloiçantes dos navios
E comigo trouxe o ressoar dos temporais
Porém nele não oiço
Nem o marulho de Cós nem o de Egina
Mas sim o cântico da longa vasta praia
Atlântica e sagrada
Onde para sempre a minha alma foi criada.»
Sophia
05 março 2006
La reproduction
Recordando Bourdieu & Passeron
«Le capitaine Jonathan
étant âgé de dix huit ans
capture un jour un pélican
dans une île d'extrême orient.
Le pélican de Jonathan
au matin pond un oeuf tout blanc
et il en sort un pélican
lui ressemblant étonnamment.
Et ce deuxième pélican
pond, à son tour un oeuf tout blanc
d'où sort inévitablement
un autre qui en fait tout autant
Cela peut durer pendant très longtemps
si l'on ne fait pas d'omelette avant»
Robert Desnos
Chantefables
«Le capitaine Jonathan
étant âgé de dix huit ans
capture un jour un pélican
dans une île d'extrême orient.
Le pélican de Jonathan
au matin pond un oeuf tout blanc
et il en sort un pélican
lui ressemblant étonnamment.
Et ce deuxième pélican
pond, à son tour un oeuf tout blanc
d'où sort inévitablement
un autre qui en fait tout autant
Cela peut durer pendant très longtemps
si l'on ne fait pas d'omelette avant»
Robert Desnos
Chantefables
19 fevereiro 2006
16 fevereiro 2006
14 fevereiro 2006
Évora
«Irei a Évora descobrir o branco
a ogiva o arco a rosácea a neve
a praça como pátio
o pátio como praça.
Nada destrói a intimidade
de sua humana geometria.
Irei a Évora para reencontrar
a perdida harmonia.»
Manuel Alegre
a ogiva o arco a rosácea a neve
a praça como pátio
o pátio como praça.
Nada destrói a intimidade
de sua humana geometria.
Irei a Évora para reencontrar
a perdida harmonia.»
Manuel Alegre
13 fevereiro 2006
12 fevereiro 2006
08 fevereiro 2006
07 fevereiro 2006
Rue Lepic
Dans l'marché qui s'éveill'
Dès le premier soleil,
Sur les fruits et les fleurs
Vienn'nt danser les couleurs
Rue Lepic
Voitur's de quatr' saisons
Offrent tout à foison
Tomat's roug's, raisins verts,
Melons d'or z'et prim'vèr's
Au public,
Et les cris des marchands
S'entremêl'nt en un chant
Et le murmur' des commer's
Fait comme le bruit d'la mer
Rue Lepic,
Et ça grouille et ça vit
Dans cett' vieill' rue d'Paris
Rue Lepic,
Il y a des cabots
Et des goss's à Poulbot,
Aux frimousses vermeil's
Qui s'prélassent au soleil
Mais surtout,
Il y a un' bell' fill'
Aussi bell' que l'été
Ell' marche en espadrill's,
Et rit en liberté
Rue Lepic,
Et la rue est tout' fièr'
De son beau regard clair
Et de sa bell' santé,
Et qui l'a enfantée
Et toujours
La fill' avec amour
À sa rue dit bonjour
Et la rue extasiée
La regarde passer
Et la rue
Monte, monte toujours
Vers Montmarter, là-haut,
Vers ses moulins si beaux
Ses moulins tout là-haut
Rue Lepic.
Paroles: Pierre Jacob. Musique: Michel Emer
Chanté par Yves Montand
05 fevereiro 2006
03 fevereiro 2006
02 fevereiro 2006
01 fevereiro 2006
07 janeiro 2006
03 janeiro 2006
Mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
(Manuel Alegre)
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